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Cachoeira da Farofa: Uma viagem cinematográfica pela Serra do Cipó


Cachoeira da Farofa, vista de cima, fotografia feita por um drone, no Parque Nacional da Serra do Cipó.

Logo na entrada da Portaria Areias, no município de Jaboticatubas, começa uma das jornadas mais fascinantes do Parque Nacional da Serra do Cipó: a trilha que leva à Cachoeira da Farofa. São 8 quilômetros de caminhada até a queda d’água e mais 8 quilômetros na volta. Dezesseis quilômetros de estrada plana, de paisagem aberta, que parecem convidar o viajante a atravessar um cenário de cinema.


Antes de iniciar, é preciso preencher uma ficha simples com os dados do visitante — nome, CPF, telefone e o atrativo que se pretende visitar. Esse cuidado, exigido pelo ICMBio, faz parte da gestão do parque, que desde sua criação em 1984 protege 33.800 hectares de cerrado e campos rupestres. Ao redor, mais de dez municípios integram o Circuito Turistico Parque Nacional da Serra do Cipó. Essa área é reconhecida como parte da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço. Uma das regiões mais ricas do planeta em biodiversidade.



O primeiro passo: a trilha começa

Casal caminhando na Trilha para a cachoeira da Farofa, no Parque Nacional da Serra do Cipó

Carro estacionado, mochila ajustada, o primeiro passo na trilha já traz uma sensação marcante: o estalado de folhas secas misturadas com areia. O som se mistura ao canto dos pássaros e ao assobio do vento que percorre as planícies. O sol da manhã, ainda tímido, aquece a pele, e a areia clara do caminho reflete a luz com intensidade. É possível sentir, às vezes, o vapor quente que sobe do solo arenoso, lembrando que ali é cerrado: clima duro, porém fértil em vida.


Logo no início, à direita, a trilha que segue para a Cachoeira Capão dos Palmitos. À esquerda, o ponto onde ficam as charretes que levam os visitantes até mais perto da Farofa. Ali já se abrem as primeiras vistas cinematográficas: ao longe, para o alto das serras que formam o Travessão, um dos cartões-postais do parque, e mais próximo, o Mirante do Circuito das Lagoas, de onde se visita o Circuito das Lagoas e o encontro dos ribeirões Bocaina e Mascates, formadores do Rio Cipó. Ainda na trilha principal, pouco frente é possível ver a direita; o Mirante do Bem. Permanecemos na trilha principal, onde o cerrado se abre em trechos planos, de vegetação baixa, salpicada de flores silvestres do campo rupestre, orquídeas e gramíneas que dançam ao vento.


Ao longo da trilha, não faltam locais para fotos memoráveis. Cada curva, cada descampado, cada árvore isolada parece pedir um registro. O olhar atento de um guia torna a experiência ainda mais especial, indicando pontos estratégicos para contemplação e lembrando sempre dos cuidados de segurança.


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As paradas do caminho

Quase todo o percurso é aberto, revelando horizontes de montanhas, mas em alguns trechos o viajante encontra sombras de árvores maiores, pequenas ilhas de frescor.

Nesses pontos, uma brisa leve sopra, trazendo o alívio tão esperado no meio do caminho.

O caminho segue, plano, arenoso, por vezes cansativo. Mas logo o som da água anuncia a primeira parada: o Córrego das Pedras. Suas águas cristalinas convidam a lavar o rosto, refrescar as mãos, até mesmo mergulhar os cabelos para aliviar o calor. É o ponto perfeito para uma pausa de cinco minutos, para sentir o frescor e ganhar novo fôlego.


Pouco depois da metade da caminhada, surge, ao longe, a visão mágica da Cachoeira da Farofa: um risco branco no paredão de rocha, despencando em meio ao verde. A ansiedade cresce, e cada passo se torna mais leve.




Travessias e desafios


A trilha é a mesma que leva ao Canion das Bandeirinhas, mas antes de lá há uma placa indicando o desvio à esquerda para a Cachoeira da Farofa.


Neste ponto, a trilha segue até as margens do Ribeirão Mascates. Ali, dependendo da época do ano, o desafio aumenta. Em tempos de seca, uma pinguela de madeira estreita permite a travessia. Em época de chuvas, porém, essa ponte improvisada pode ser levada pela correnteza, e quando finalmente são liberadas as visitas pós chuva, a única opção é atravessar dentro da água, descalço, com a mochila erguida. A corrente da agua puxa levemente, os pés se apoiam sobre pedras lisas, e o coração acelera — um pequeno desafio que, mais do que obstáculo, se torna parte da aventura. Depois do Mascates, restam pouco menos de dois quilômetros.



Final da trilha, chegando na Cachoeira da Farofa, com uma moldura feita por uma árvore e vista para a cachoeira ao fundo.

O espetáculo da Farofa

E então, após aproximadamente duas horas de caminhada, o som da água se intensifica, ecoando entre as rochas. A visão se abre um linda queda d’água que despenca de um paredão alto, formando um poço largo e profundo. A maior parte do tempo, a cachoeira permanece na sombra das montanhas ao redor, o que torna sua água ainda mais fria. O choque térmico do primeiro mergulho é intenso, mas logo o corpo se acostuma, e a sensação de recompensa é imensa.


Ao redor, as pedras convidam ao descanso. É hora de lanchar, respirar fundo e absorver a imensidão do cenário. O corpo cansado encontra alívio no frescor da água e na paz do lugar.

Um grupo de pessoas nadando na Cachoeira da Farofa, no Parque Nacional da Serra do Cipó, em Minas Gerais.

Uma responsabilidade, além do passeio

Visitar a Cachoeira da Farofa é uma experiência turística incrível; um convite à consciência ambiental. O Parque Nacional da Serra do Cipó, além de proteger uma das áreas mais ricas em biodiversidade do país, é fundamental para a manutenção dos mananciais de água que abastecem Minas Gerais.


Por isso, seguir as regras é essencial:

  • Não deixar lixo — nem mesmo cascas de frutas.

  • Não levar caixas de som ou bebidas alcoólicas.

  • Respeitar o silêncio da natureza.

  • Evitar sair das trilhas demarcadas.


Cada descuido pode gerar impactos sérios na fauna e na flora. A Serra do Cipó é um santuário natural, parte da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço, reconhecida pela UNESCO, e merece ser tratada com respeito.


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O retorno

Depois de um tempo de contemplação e banho, é preciso lembrar: a volta tem mais 8 quilômetros. A caminhada de retorno, agora com o corpo mais cansado, revela um novo olhar. O sol já está mais alto, as sombras mudam de posição, e a mesma trilha parece diferente. Muitos visitantes descrevem essa volta como um momento de reflexão, de conexão com o ritmo lento e essencial da natureza.


Ao chegar novamente à Portaria Areias, a sensação é de conquista. A Cachoeira da Farofa destino escolhido, mas antes disto; ela foi o caminho. Cada passo, cada travessia, cada sopro de vento faz parte da experiência como um todo.


A trilha da Cachoeira da Farofa é uma das mais completas da Serra do Cipó. Cinematográfica, sensorial e repleta de aprendizados, ela ensina que o turismo consciente é a única forma de garantir que cenários como esse continuem a existir.


Para quem busca uma verdadeira jornada de imersão na natureza, a Farofa é parada obrigatória. Uma lembrança que fica gravada na memória e no coração.





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